terça-feira, 23 de agosto de 2011

PSD relembra sinuosidade do processo

Extinção de cargo de Direcção Artística e saída de Companhia Vórtice Dance do CAE


Não surpreso com o espectável desfecho protagonizado por Rafael Carriço e o executivo, relativamente à direcção artística no CAE, o PSD relembrou em reunião de câmara os avisos anteriores desta bancada em relação à ambiguidade do estatuto de Rafael Carriço, da sua contratação e do protocolo de cooperação com a Vórtice Dance, da qual Rafael Carriço também era co-responsável.

A previsibilidade deste desfecho, é para o PSD a demonstração clara que o executivo socialista falhou nas previsões e estratégias defendidas para o CAE.

Teresa Machado, da bancada social-democrata, fazendo um historial do processo atribulado, que foi tema de 12% das reuniões de Câmara em 2010, recordou que o partido “sempre manifestou reservas e cautelas em relação à nomeação do director artístico”. Várias inconsistências foram nomeadas na altura pelo PSD, relativamente ao protocolo com a Vórtice Dance, tendo nessa data sido “apresentadas alterações significativas no clausulado, que pretendiam evitar que sucedessem situações como as que se estão a verificar, como por exemplo uso abusivo dos equipamentos técnicos do CAE em proveito exclusivo da Vórtice Dance”.

Um protocolo pouco claro que reflectia uma relação mal definida e um processo sinuoso, que culmina agora com a resolução sancionatória unilateral, baseada numa série de falhas de Rafael Carriço, explicadas por António Tavares, nomeadamente: atrasos na divulgação de espectáculos, recusa de comparecimento em reuniões de coordenação, ausências prolongadas do CAE, descoordenação entre exposição e espectáculos…

Para Teresa Machado “não era novidade que esta situação terminasse assim”. A ambiguidade do estatuto de Rafael Carriço , também reconhecida pelo presidente João Ataíde que assumiu “terem existido dois papéis distintos, o de director artístico e o de co-responsável da Vórtice Dance, que não ficaram bem definidos”. Se esta estivesse bem definida a extinção do cargo de director artístico não acarretaria o fim do protocolo com a companhia de dança.

Para o vereador social-democrata Miguel Ameida a decisão de afastamento de Rafael Carriço é tardia. “A partir do momento em que um colaborador não cumpre só se pode tomar essa atitude”. Miguel Almeida defende ainda que os problemas internos, que “já não são novos”, e só “reflectem a fraca autoridade do executivo”.

Essa sinuosidade agudiza-se, segundo a vereadora Teresa Machado, quando Rafael Carriço faltou à verdade nos cálculos financeiros no relatório do 1º Semestre, relativos aos gastos e lucros do CAE. Muito crítica com as contas que à data o director artístico apresentou, e que foram defendidas por todo o executivo socialista, o PSD “colocou o dedo na ferida” ao chegar a números finais tão díspares, como cerca de 270 mil euros a mais por semestre.

Dos 89 mil euros de custos semestrais apresentados por Rafael Carriço e depois de o PSD ter provado que eram 312mil euros, a evidência fica comprovada quando o relatório anual de contas da Câmara apresenta valores de 663 mil euros relativos aos custos do equipamento CAE, agravados ainda pela diminuição de espectáculos e de público.

Considerando agora estarem esclarecidos os verdadeiros números Teresa Machado manifestou a sua indignação por uma das grandes “bandeiras do executivo”,ser a redução de custos falaciosamente apresentados. Os vereadores do PSD recomendam que é necessária transparência. “Os senhores conseguiram passar a ideia de que o CAE dá lucro, mas o Relatório Anual de Contas confirma a trapalhada nas vossas contas”, sublinha Miguel Almeida.

Manifestando preocupação com o futuro do CAE e da Escola de Artes que a Vórtice Dance dirigia, o PSD exigiu também respostas claras ao executivo, manifestando-se solidário com a petição de cerca de 430 figueirenses que declarou enorme preocupação relativamente ao futuro desta escola. O PSD admitiu total disponibilidade para cooperar no encontro de uma solução para a gestão deste equipamento, que na sua perspectiva “deve afirmar-se como um equipamento regional e não local”, ressalvou o vereador.
Efectivamente, um estudo público encomendado pelo executivo vem conferir legitimidade à posição defendida do PSD, ao concluir que “40 por cento do público do CAE vem de fora e que público da Figueira ocupa apenas um máximo de 300 lugares da casa”, explicou António Tavares.

A vereadora Teresa Machado alertou para o facto de que, se o CAE se pretende afirmar como equipamento regional tem urgentemente que definir a sua marca de política cultural, pois com o novo equipamento cultural que Coimbra muito brevemente terá, rapidamente o CAE perderá a notoriedade com que se afirmou nos últimos anos.



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